Em 2006 eu era uma estudante de Ciências Sociais que se inscreveu prá participar do Projeto Rondon. Naquele ano seria executada a Operação Amazônia, e equipes de universidades de todo o país se deslocariam pro Amazonas e pro Tocantins, em regiões problemáticas, prá desenvolver ações que pudessem ampliar o bem estar da comunidade, contribuindo para o desenvolvimento do país. Eu fiquei muito, mas muito ansiosa até sair o resultado, e empolgadíssima quando vi meu nome na lista dos estudantes escolhidos!
Minha equipe contava com 6 alunos e 2 professores. Fomos até Curitiba de ônibus, e lá, um avião da Força Aérea nos aguardava, já cheio de estudantes da região sul, prá irmos até Brasília. Dá prá imaginar que eu, algum dia, voaria num Hércules??? A experiência já se tornava inesquecível desde o primeiro momento! Em Brasília ficamos no hangar da Força Aérea, onde recebemos os kits de rondonistas, almoçamos e aguardamos a chegada do Presidente Lula. Depois que ele falou, as equipes foram sendo despachadas em Hércules que foram saindo em diversas direções. Fomos parar em Manaus, e hospedados no Batalhão de Infantaria de Selva.
No BIS foi aquele esquema quartel, banho coletivo mega gelado, beliches alinhadas, acordar bem cedo com tampa de panela batendo... mas em alojamento feminino essa rotina era toda cheia de chapinhas, maquiagens e bobes nas franjas! Lá recebemos treinamento de como conseguir água ou fazer fogo na selva, que tipos de frutas são comestíveis e como reagir com ofídios. Lógico que o intuito da Operação jamais foi embrenhar os alunos no meio da floresta, mas... vai que... né?!
De Manaus fomos deslocados prá Eirunepé, a cidade em que desenvolvemos nossa ação. Junto com cada equipe era designado um "anjo", um tenente do BIS, que nos acompanhava o tempo todo.
E lá foi que eu tive a real idéia do tamanho desse Brasil, que as meninas que moram lá, à beira da Floresta Amazônica, nas margens do Rio Juruá, são exatamente as mesmas com quem eu convivi desde sempre, são meninas como eu, que adoram canetinhas coloridas, que saem prá dançar, que gostam de vestido colorido. A diferença é que a maioria delas se tornam mães muito cedo, moram todos na mesma casa, não tem sistema de esgoto, não conseguem emprego fácil... lá eu entendi a importância dos programas sociais. Porque lá é um lugar tão rico, mas tão rico, e ao mesmo tempo, extremamente pobre e cruel com aquelas pessoas.
E tirando toda essa parte sociológia e antropológica que o Projeto proporciona, ainda teve todo o lado das experiências engraçadas...
- Eu era chamada de Xuxa na rua! As crianças vinham correndo falar comigo "Xuxa, tire uma foto comigo!!!" e eu tirava, com a minha máquina, elas olhavam as fotos e riam, riam....
- Fui no forró e presenciei o leilão de um frango assado no meio do baile. E de um prato cheio de bistecas assadas. O pessoal come uma perna de frango, dança um Calipso, e por aí vai! Foi o dia mais divertido de todos, mas eu era a maior perna de pau perto das meninas de lá!
- Lá existem tantas Raimundas Nonatas quanto Raimundos Nonatos!
- Muitas pessoas tem o sobrenome "Montenegro" porque esse é o nome do navio da Marinha que passa por lá auxiliando as pessoas na área da saúde. Quem nasce dentro do navio, acaba levando o sobrenome...
- Tivemos um dia de folga nas atividades em que fizemos um passeio de barco, e fomos pelo Juruá, entramos em um igarapé, e eu pude ver todos aqueles ribeirinhos, as comunidades muito afastadas da cidade, e uma casa com um mega escudo do Flamengo pintado na frente!
São tantas histórias, tantas lembranças, que quando eu paro prá pensar sobre isso, e sobre o tamanho dessa oportunidade, juro, tem horas que eu não acredito que eu estive mesmo lá. Foi mesmo inesquecível, do começo ao fim!
6 comentários:
Oi Tatinha....saudades de voce menina.Que viagem linda....quanta experiencia...esse nosso Brasil é tão lindo!!!!!pena que está na mão de pessoas tão....deixa pra lá....Parece que foi ontem que voce nos falava dessa experiencia do projeto Rondon e já se passaram quasa cinco anos, Meu Deus,como o tempo corre... Fique bem,muitos beijos,tia Marildinha.
Olá! Achei seu blog e gostei muito! Vou visitar sempre!
Olá...Nossa amei a sua experiência...
Qdo fazia faculdade sempre pensava em fazer concurso para trabalhar pros lados da Amazônia, ou locais assim mega carentes(sou enfermeira). Fora meu sonho de ir para a força aérea brazileira. Sempre quis também. Com certeza isso deve ter sido inesquecível, e quem sabe uma oportunidade única.
Beijinho e bom restinho de domingo!
Oi Tati, vc teve contato com os alunos de outras universidades...meu primo também foi, o nome dele é Paulo Henrique, ele é da PUC Sorocaba do curso de enfermagem, vc chegou a conhece-lo?
bjos.
Pri B
Oi Pri!!!
A equipe que foi comigo prá essa cidade foi da Unicamp, e tínhamos muito pouco tempo prá interagir com as demais equipes nos pontos de encontro de todos, já que cada equipe estava em uma cidade... vc sabe prá qual cidade ele foi?
Bjo!
Que história maravilhosa! Esse é o Brasil que dá orgulho!
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